Uma grande vida e uma batalha vencida contra um cancro que
parecia incurável. Um documentário sobre o grande Wilco Johnson assinado pelo
Julian Temple, que acaba por ser um exercício cinematográfico sobre a
confrontação com a morte de quem estava condenado a partir em dez meses,
vivendo essa agonia, e a celebração da vida, quando o diagnóstico fatal foi
derrubado com estrondo pelo lendário guitarrista dos Dr. Feelgood. Trabalho
arrojado e sublime do Julian Temple, que acompanhou grande parte dos concertos
de despedida do Wilco Johnson, embora tenha feito um documentário mais
existencial do que musical com enorme predominância de excertos de filmes que
lidam com o significado de toda a inquietação e angústia partilhadas por Wilco
no documentário. Insólita forma de contar a história, potenciada pelos relatos
desarmantes do guitarrista e pelo imaginário criativo do realizador,
mergulhando no seu cinema de eleição.
Entre visões e alucinações, são paixões, histórias e epifanias, coleções de imagens, deambulando por cada canto do mundo, mergulhando nos sixties com apego infinito numa expressão, num momento, num jogo de sedução, onde moram músicas, filmes, divas e craques. Relações improváveis, aproximações inspiradoras, retratos deslumbrantes, arte em movimento, recuando no tempo, apanhando a glória de uma década assombrosamente desprovida de inibições, insinuante e altamente poderosa e influente.